O presidente argentino, Javier Milei (Reuters/Ammar Awad) Governo argentino apelou à Convenção de Viena para justificar o abrigo e demonstro...
Governo argentino apelou à Convenção de Viena para justificar o abrigo e demonstrou preocupação com a "deterioração da situação institucional e os atos de assédio e perseguição dirigidos contra figuras políticas"
O governo da Argentina confirmou que concedeu refúgio a opositores de Nicolás Maduro na residência oficial de sua embaixada em Caracas, na Venezuela. O gabinete do presidente Javier Milei divulgou um comunicado oficial na noite de terça-feira (26) apelando à Convenção de Viena para justificar o abrigo.
O texto do governo argentino também pediu a Maduro que “convoque eleições transparentes, livres, democráticas e competitivas, sem proscrições de qualquer tipo”.
Segundo o jornal venezuelano El Nacional essa foi a primeira comunicação oficial que o governo de Milei fez sobre os opositores venezuelanos refugiados em sua sede diplomática. Anteriormente, mesmo tendo sido consultado a respeito, o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, tinha evitado mencionar o caso.
“Deterioração institucional”
O texto divulgado reflete a “preocupação” do governo argentino com “a deterioração da situação institucional e os atos de assédio e perseguição dirigidos contra figuras políticas na Venezuela”. O país se prepara para as eleições de 28 de julho, nas quais Maduro busca a reeleição, e há muitas notícias sobre o cerceamento da oposição.
“Com o apoio da inviolabilidade consagrada no artigo 22 da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, da qual ambas as nações, Argentina e Venezuela, são signatárias, recebeu líderes políticos da oposição na residência oficial da embaixada argentina em Caracas”, confirmou o texto argentino.
O governo argentino protestou ainda contra um corte de energia que atingiu a embaixada e alertou o governo venezuelano “sobre qualquer ação deliberada que coloque em risco a segurança do pessoal diplomático argentino e dos cidadãos venezuelanos sob proteção”.
Não houve confirmação sobre os nomes dos refugiados, mas o site argentino InfoBae citou entre eles Pedro Urruchurtu, Magallí Meda, Humberto Villalobos, Claudia Macero e Omar González.
O El Nacional destacou que as relações entre Argentina e Venezuela – que foram estreitas durante os mandatos dos peronistas Néstor Kirchner (2003-2007), Cristina Kirchner (2007-2015) e Alberto Fernández (2019-2023) – pioraram desde que o ultraliberal Milei chegou à Casa Rosada em dezembro.
Eles tiveram vários embates nos últimos meses. Em janeiro, após Maduro dizer que a eleição de Milei tinha sido “um erro na história da América Latina e um erro fatal na história da Argentina”, o argentino afirmou que críticas vindas do “socialista empobrecedor” eram elogios.
Roberto de Lira
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