Programas do GDF contam com equipes multiprofissionais para atender a população, prevenir e enfrentar a violação de direitos. Aos 8 anos, ...
Programas do GDF contam com equipes multiprofissionais para atender a população, prevenir e enfrentar a violação de direitos.
Aos 8 anos, José (nome fictício) estranhava as brincadeiras que a babá fazia, mas não sabia dizer o porquê de se sentir desconfortável. Apenas quando adulto, conseguiu nomear o abuso sexual vivenciado e contar para a mãe. Meninos e meninas de até 13 anos são as principais vítimas de estupro, o que corresponde a 61,4% das denúncias, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública – 2023. Além disso, quanto ao ofensor sexual, 86% dos crimes contra crianças foram cometidos por conhecidos e familiares.
No DF, foram recebidas, em 2023, 227 denúncias de violência sexual. Desse quantitativo, 69% das vítimas tinham menos de 12 anos e 66% eram do sexo feminino. Os dados são referentes às denúncias recebidas diretamente pela Coordenação de Denúncias de Violação dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cisdeca), serviço oferecido pela Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF) por meio do 125 e pelo Disque 100, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
“Para a Sejus, a proteção e garantia de direitos de nossos meninos e meninas é prioridade absoluta. A implementação dos programas que previnem e coíbem o abuso sexual mobiliza a Rede de Proteção e resulta no enfrentamento à violação de direitos vivenciada por muitos. As denúncias recebidas por meio do Cisdeca são encaminhadas aos conselhos para averiguação, bem como aos órgãos competentes”, afirma a secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani.
A Subsecretaria de Políticas para Crianças e Adolescentes (Subpca), da Sejus, é a área responsável pela proteção de direitos e garantia de condições para o crescimento e desenvolvimento integral das crianças e adolescentes do Distrito Federal. Segue todas as normas do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e demais legislações sobre o tema. Desenvolve trabalho em conjunto com os demais órgãos do DF, entidades não governamentais e organizações da sociedade civil. O canal de denúncia Cisdeca está vinculado à Subpca.
Centro de Atendimento Integrado 18 de Maio
O acolhimento humanizado é essencial no amparo de crianças e adolescentes que passaram por abuso sexual. É na escuta especializada, feita em ambiente aconchegante, que eles encontram meios de relatar a violência sofrida sem correr o risco de reviver os momentos de medo e tensão. Em Brasília, a referência na assistência a essas vítimas é o Centro de Atendimento Integrado 18 de Maio, vinculado à Sejus.
A instituição pública carrega no nome o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes. E faz jus ao marco criando uma rede de proteção integral às vítimas desse tipo de violência. O espaço reúne 15 assistentes sociais, pedagogos e psicólogos capacitados no acolhimento especializado, de modo a evitar revitimização.
Segredos revelados
Para atender vítimas de estupro de vulnerável e de crimes violentos, o Programa Direito Delas, implementado pela Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF), oferece gratuitamente atendimento social, psicológico e jurídico às vítimas diretas de violência de 7 a 14 anos e seus familiares, desde que não sejam os autores da violência. Os serviços são ofertados em nove núcleos localizados em Ceilândia, Estrutural, Guará, Itapoã, Paranoá, Planaltina, Plano Piloto, Recanto das Emas e Samambaia.
“Para a Sejus, a proteção e garantia de direitos de nossos meninos e meninas é prioridade absoluta. A implementação dos programas que previnem e coíbem o abuso sexual mobiliza a Rede de Proteção e resulta no enfrentamento à violação de direitos vivenciada por muitos”.
Marcela Passamani, secretária de Justiça e Cidadania
De acordo com a psicóloga Danielle Melo, chefe do Núcleo Direito Delas de Ceilândia, crianças e adolescentes participam de até seis sessões psicoterapêuticas. “O atendimento psicológico é uma demonstração de acolhimento porque, muitas vezes, a criança que passa por uma situação de violação de direitos não compreende que aquilo é uma violência. Fazemos uso da psicoeducação por meio de ferramentas lúdicas para que elas consigam reconhecer futuras violações, além de assegurar que elas têm um espaço seguro para compartilhar o que vivenciaram porque, às vezes, não se sentem seguras na própria casa”, explica.
Crianças e adolescentes são atendidos por uma equipe técnica multiprofissional, formada por psicólogos, assistentes sociais, servidores especialistas em direito e legislação, e profissionais da área administrativa. Mulheres em situação de violência doméstica e familiar e pessoas idosas também são beneficiadas pela iniciativa.
O poder da denúncia
Vinculados administrativamente à Sejus, os 44 conselhos tutelares, presentes em 35 regiões administrativas, amparam a população infantojuvenil do DF em situação de violência sexual. O intuito é promover a garantia de direitos e receber denúncias, além de acionar os órgãos pertinentes.
Segundo a diretora da Escola Classe 04 do Núcleo Bandeirante, Ângela Aguiar Santana, a atuação do conselho tutelar é imprescindível para a proteção das crianças. “A escola é um espaço privilegiado de denúncia. A equipe gestora precisa estar atenta aos sinais que os estudantes emitem e encaminhar as suspeitas ou denúncias ao conselho tutelar. Como as unidades estão espalhadas pelo DF, é possível que a população tenha acesso como um todo e conte com essa parceria essencial em favor da infância”, ressalta.
Um conselho para chamar de seu
Para apoiar os conselhos tutelares e tornar efetivos os direitos da infância e adolescência, o Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do Distrito Federal (CDCA-DF) é vinculado à Sejus, mas mantém preservada sua autonomia. O órgão é responsável por fixar critérios de utilização e planos de aplicação do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente. O recurso prioriza o financiamento de ações para o acolhimento de órfãos ou abandonados e implantação de programas para crianças e adolescentes com direitos ameaçados ou violados.
Responsabilidade de todos
Para a advogada Cirlene Alon de Albuquerque, os canais de comunicação são essenciais para combater o silêncio almejado pelos ofensores sexuais. “Toda a sociedade deve se conscientizar quanto à responsabilidade em relação à infância e adolescência. Mesmo quando há apenas a suspeita, o Estatuto da Criança e do Adolescente preconiza que a denúncia deve ser feita porque ainda haverá uma investigação. Não se deve menosprezar o impacto de qualquer ação que faça cessar a violência contra uma criança ou adolescente. A denúncia salva vidas”, alerta.
Não à revitimização!
A Lei nº 13.431/2017 estabelece que a criança e o adolescente sejam ouvidos sobre a situação de violência por meio de escuta especializada. O Centro de Atendimento Integrado 18 de Maio é, ainda, o único espaço no DF que faz a escuta especializada como determina a lei. Com o procedimento, a criança não precisa repetir o relato da violência várias vezes e a escuta é realizada em um lugar adequado de acolhimento às vítimas.
Serviço
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Da redação do Portal de Notícias Com informações da Sejus
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