Técnica permite que o próprio mosquito da dengue dissemine o inseticida entre os criadouros Yuri Felipe, da Agência Saúde - DF | Edição Wi...
Técnica permite que o próprio mosquito da dengue dissemine o inseticida entre os criadouros
Yuri Felipe, da Agência Saúde - DF | Edição Willian Cavalcanti
Agentes de Vigilância Ambiental em Saúde (Avas) iniciaram visitas a residências na Candangolândia para implementar as primeiras Estações Disseminadoras de Larvicida (EDLs) contra o mosquito Aedes aegypti. Na última quarta-feira (3), foram montadas 23 armadilhas em diferentes pontos da cidade, visando diminuir a população daquele que é o principal transmissor dos vírus da zika, da chikungunya e da dengue.
Esse é um método de controle de mosquitos inovador, já utilizado em várias regiões do país por recomendação do Ministério da Saúde e condução da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Amazonas. A EDL consiste em um pote com água contendo um pano interior impregnado com partículas do inseticida piriproxifeno, ou PPF. Os mosquitos, ao pousarem no recipiente para colocar seus ovos, acabam contaminados pela substância; ao buscarem outros locais para continuar sua desova, disseminam as partículas do PPF na água daqueles criadouros, impedindo que as larvas se desenvolvam ali. O larvicida não representa riscos a humanos ou animais de estimação.
Alessandra da Silva é uma das Avas da Secretaria de Saúde (SES-DF) responsáveis pela instalação das EDLs nos domicílios visitados. A servidora explica que a técnica permite a neutralização de focos que possam passar despercebidos pela população ou pelos próprios profissionais de saúde. “A ideia é que partículas do PPF se prendam ao corpo do mosquito e sejam transportadas até locais de difícil acesso, como telhados, calhas, caixas d’água, terrenos baldios ou cheios de entulho, onde, às vezes, os agentes de vigilância mal conseguem se locomover”, detalha.
Os profissionais retornam às residências a cada 30 dias para renovar o larvicida na armadilha. “Nós encontramos vários locais de difícil acesso. Então, acredito que essa é uma estratégia bastante promissora”, completa.
Por ser umas das regiões administrativas com maior presença de mosquitos, a Candangolândia foi escolhida para a ser a cidade piloto na implementação das EDLs no Distrito Federal.
O biólogo Israel Moreira, responsável pelo uso da técnica na SES-DF, explica que a estratégia já havia sido testada entre janeiro de 2017 e abril de 2018 em São Sebastião, numa parceria entre pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e a Diretoria de Vigilância Ambiental em Saúde (Dival) da SES-DF. A ação apontou redução de 66% na quantidade de mosquitos na região, incluídos o Aedes aegypti e o pernilongo comum. “O que esperamos é que os efeitos dessa técnica comecem a ser detectados após 4 a 5 meses de uso”, ressalta o especialista.
Uma das casas visitadas pelas SES-DF foi a da aposentada Maria da Conceição de Lira, que completará 80 anos em agosto. Dona Maria fez questão de enfatizar que, embora tivesse na varanda inúmeros vasos de plantas, não havia sequer um único foco de água parada em sua residência, mesmo porque, relembra, ela mesma já havia pegado dengue no início deste ano. “Eu quase morri! Foi muito forte… começou com dor nos olhos, dor no corpo, dor de cabeça… muito ruim. Precisei ir à UPA [Unidade de Pronto Atendimento] várias vezes, minhas plaquetas baixaram”, relata.
A implementação das estações de larvicida traz nova esperança à aposentada, que espera que a nova estratégia afaste de vez o risco de voltar a contrair a doença. “É muito importante essa visita e, com toda a certeza, também ajuda na educação das pessoas”, ressalta.
Da redação do portal de Notícias
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